
Naquele momento ou desistia e ia para casa, ou tentava intervir no programa. Perdera muito tempo a preparar-me, em prejuízo do meu trabalho, e havia gente com expectativa no que eu iria dizer. Fazer de jarra decorativa é que não me pareceu aceitável. Combinei com o representante do FERVE que, mal ele acabasse de falar, me passaria a palavra e o microfone, dizendo que falaria eu do MAYDAY, a segunda parada anual anti-precariedade. Eu só queria dizer, em poucos segundos, uma data (1 de Maio), uma hora (uma da tarde) e um ponto de encontro (Largo Camões).
O representante do FERVE falou e saiu do auditório pouco depois, porque foi ignorado pelos convidados e pela apresentadora, não tendo ninguém respondido às questões que colocou. E eu fiquei à espera de pé, com o microfone na mão. Longos minutos. Até que me convidaram a sair e abandonei o programa acompanhado por outros membros do PI.
A apresentadora ainda teve tempo para mentir, dizendo que eu não fora convidado. Enfim, que dizer? O que se passou apenas mostra que movimentos como o FERVE e o PI estão a tornar-se incómodos, porque o que dizemos tem cada vez mais eco. A precariedade é uma bomba-relógio social que acabará por rebentar nas mãos dos que dela se aproveitam.
Seremos muitos a mostrar que não nos calamos, seremos muitos a mostrar como fazemos a luta e a festa ao mesmo tempo: no dia 1 de Maio, a partir da uma da tarde, no Largo Camões, em Lisboa.