António Aleixo poeta popular
António Aleixo já dizia:
Não sou esperto nem bruto
nem bem nem mal educado
sou simplesmente o produto
do meio onde fui criado.
Morre o rico dobram sinos
morre o pobre não a dobres
que deus e esse dos padres
que não faz caso dos pobres.
Vós podeis chamar-me louco
democrata, socialista, e comunista e
(anarquista) também
pois eu sou uma coisa mista
do bom que isso tem
Fui policia e fui soldado
saí fora da nação
vendo jogo e guardo gado
só me falta ser ladrão.
Versos do poeta popular de Loulé, António Aleixo:
Da educação desportiva,
Que nos prepara p'ra vida,
Fizeram luta renhida
Sem nada de educativa.
E o povo, espectador em altos gritos,
Provoca, gesticula, a direito e a torto,
Crendo assim defender seus favoritos
Sem lhe importar saber o que é desporto.
Interessa é ganhar de qualquer maneira.
Enquanto em campo, o dever se atropela,
Faz-se outro jogo lá na bilheteira,
Que enche os bolsinhos aos que vivem dela.
Convém manter o Zé bem distraído
Enquanto ele se entrega à diversão,
Não pode ver por quantos é comido
E nem se importa que o comam, ou não.
E assim os ratos vão roendo o queijo
E o Zé, sem ver que é palerma, que é bruto,
De vez em quando solta o seu bocejo,
Sem ter p'ra ceia nem pão, nem conduto.
Versos incluídos no poema intitulado «O Outro Jogo» in Inéditos, Loulé
António Aleixo