Desde sempre uma das palavras de ordem dos anarquistas tem sido ” A terra a quem a trabalha”. Na revolução mexicana, depois na revolução russa, sobretudo nos campos da Ucrânia, sob a influência da guerrilha de Nestor Makhno, depois na revolução espanhola, em que a vontade revolucionária do povo colectivizou terras e fábricas, sempre os anarquistas estiveram na linha da frente para acabar com a propriedade privada ou estatal da terra, o salariato ou a submissão dos trabalhadores do campo aos de outros sectores produtivos.
Em Portugal, grande parte das ocupações de terras em 1975 foi feita à margem das estruturas partidárias, embora o PCP, com o oportunismo que sempre o caracterizou, tenha feito toda a propaganda possível para passar a ideia de que a ocupação de terras em Portugal terá sido, apenas e só, obra sua. Não é verdade. Houve em todo esse movimento que envolveu dezenas de milhar de operários agrícolas muita gente sem partido, muitos trabalhadores sérios e empenhados em mudar a vida e o mundo, outros militantes de outros partidos, gente do PCP também, claro, mas reduzir esse vasto movimento, como os comunistas pretenderam fazê-lo, a uma obra apenas sua, para além de ridículo é uma mentira pegada.
Esta evocação dos 40 anos da Reforma Agrária (foto) apareceu recentemente escrita junto à rotunda que vai para Alcáçovas, em Évora, assinada com o A dos libertários e é mais uma homenagem aos homens e às mulheres que, à margem dos partidos, souberam sonhar e pôr no terreno, entre muitas traições e muitos compromissos político-partidários, esse velho sonho libertário de que a terra deve pertencer a quem a trabalha!
https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/05/25/evora-quando-as-paredes-falam-5/